sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Política Nordestina



SECA e o BANDITISMO SOCIAL DO CANGAÇO: POLÍTICA NODESTINA I

O ciclo do cangaço ou do banditismo social durou, no Brasil, setenta anos: 1870 a 1940. Foi típico do Nordeste. Geralmente o bandido social é membro de uma sociedade rural e, por várias razões, encarado como proscrito ou criminoso pelo Estado e pelos grandes proprietários. Apesar disso, continua a fazer parte da sociedade camponesa de que é originário e é considerado como herói por sua gente, seja ele um "justiceiro", um "vingador" ou alguém que rouba aos ricos. Cangaço seria uma palavra derivada de canga, que é a peça de madeira que prende os bois ao carro ou ao arado, exprimindo, portanto, o fato de a pessoa estar submetida ao senhor. O sertão nordestino foi sendo conquistado aos índios através da expansão das fazendas de gado. O gado possuíam marcas de ferro para serem identificados e muitas vezes invadiam outra fazendas ou eram roubados por bandos de assaltantes. Um outro fato era a questão da herança. Com a morte do proprietário, o filho mais velho era o único herdeiro, enquanto os outros ficavam em total miséria. Os grandes proprietários procuravam conquistar o direito de figurar como autoridades governamentais em suas áreas, o que também gerava divisões entre eles; todos queriam ser coronéis. O aumento da produção algodoeira no Nordeste, final do século XIX, modificou a economia do sertão. A situação do Nordeste vai se agravando com a seca que assola toda região provocando desemprego seguido de fome e miséria, com isso muitos nordestinos se organizam em bandos para assaltar e conseguir alimentos, surgem também grupos para combater desmandos ou injustiças de algum coronel ou ainda para resistir ao alistamento militar. Diante deste quadro, podemos destacar o aparecimento e a formação dos bandos autônomos de cangaceiros, independentes dos proprietários rurais. É bom lembrar que muitos coronéis tinham verdadeiros interesses na manutenção e contato com os bandos, por precisarem dos seus serviços. Estes coronéis foram chamados de coiteiros, pois encondiam e protegiam os cangaceiros, fornecendo-lhes muitas vezes alimentos e munição. Dentre os bandos mais famosos, conhecidos pelos nomes dos seus líderes, podemos destacar: João Calangro, Jesuíno Brilhante, Antônio Silvino e Lampião, o "Rei do Cangaço".









O CORONEALISMO: POLÍTICA NORDESTINA II

O coronelismo é a manifestação do poder privado – dos senhores de terra – que coexiste com um regime político de extensa base representativa. Refere-se basicamente a estrutura agrária que fornecia as bases de sustentação do poder privado no interior do Brasil, um país essencialmente agrícola.

Definido como um compromisso, uma troca de proveitos entre o Poder Público, progressivamente fortalecido, e a decadente influência social dos chefes locais, notadamente dos senhores de terras. A força dos coronéis provinha dos serviços que prestavam ao chefe do Executivo, para preparar seu sucessor nas eleições, e aos membros do Legislativo, fornecendo-lhes votos e assim ensejando sua permanecia em novos pleitos, o que tornava fictícia a representação popular, em virtude do voto "manipulado".

Certas atribuições, tais como eleger o governador e o prefeito, criar certos impostos, foram retiradas do poder central e transferidas para os estados e municípios. Essa descentralização, introduzida pela República, fortaleceu o poder local. Os grandes fazendeiros interferiam violentamente nas eleições. Esses grandes fazendeiros eram chamados de coronéis e seu sistema de dominação, o coronelismo, cujo papel principal cabia aos coronéis.

Os coronéis acabaram assumindo um grande poder. O coronel era, sobretudo uma figura local, exercendo influência nas cidades menores, mais afastadas e sua imediações.

Nessas localidades, aonde não chegava a influência do Estado, certas funções públicas, tais como polícia, justiça e outras passaram a ser exercida de forma privada, pelos coronéis. Mesmo que no município existissem os delegados, o juiz, prefeito, essas autoridades, encontravam-se submetidas ao seu poder.

O coronel tinha de mandar e ser obedecido, era a pratica do "mandonismo local".

Esse poder decorria de sua condição de grande proprietário, e era proporcional à quantidade de terras que possuía. Quanto mais terra, maior era o número de pessoas que dependia do coronel.

Estabeleceu-se uma relação de dominação pessoal do "coronel" sobre seus dependentes. Quando se perguntava a alguém: "Quem é você?", a reposta era: "Sou gente do coronel fulano". Essas pessoas constituíam a clientela do "coronel".

Havia milhares de coronéis espalhados pelos municípios nordestinos. Nem todos os coronéis tinham o mesmo poder de influência, nem todos eram amigos entre si.

Na disputa pelo poder era comum explodir lutas sangrentas entre bandos de jagunços de coronéis adversários. Ao final, o coronel mais poderoso e violento acabava por se impor na região em disputa.

O coronel mais importante estabelecia alianças com outros fazendeiros para eleger o governador do estado.

Os coronéis além de manipular os votos através do voto de cabresto, utilizavam muitas fraudes para ganhar as eleições. Exemplos: documentos eram falsificados para que menores analfabetos pudessem votar; pessoas que já tinham morrido eram escritas como eleitores; urnas eram violadas e votos adulterados; muitas artimanhas eram feitas na contagem de votos.
A força do coronelismo era maior nas regiões mais atrasadas, porque nesses lugares a população não encontrava ou encontrava poucas possibilidades de viver fora da agricultura. Nas regiões mais urbanizadas a população ganhava mais independência política que podia encontrar empregos no comércio e na indústria.
São resultantes desse compromisso algumas características do sistema Coronelista que ainda perduram em nosso país: o mandonismo, o filhotismo, o nepotismo, o falseamento do voto e a desorganização dos serviços locais.
Nas últimas décadas do século, a população rural correu para as cidades, atraídas inicialmente pelo processo de industrialização e deixou de usar a enxada como instrumento de trabalho, a relação entre o coronel e o voto de cabresto parece sobreviver sob novas formas diversificadas de "coronelismo" no Nordeste urbano.
O Coronel e proprietário de terra que ficou mais conhecido, e também, o mais poderoso, foi Antônio Carlos Magalhães, mais conhecido como ACM. ACM foi Governador da Bahia, Prefeito de Salvador, todas estas no período militar, e, Senador, também pela Bahia. Foi da UDN, União Democrática Nacional, partido conhecido por defender proprietários de terra, do ARENA, partido pró-ditadura, e suas dissidências: de ARENA virou PDS, que virou PFL e que hoje é o atual DEM - Democratas. Seus governos foram caracterizados como os mais desiguais e mais autoritários do nordeste, sendo responsável por muitas mortes, por repressão e pela seca no sertão baiano. Seu neto, mais conhecido como ACM Neto, foi eleito prefeito de Salvador nas eleições municipais de 2012, pelo DEM, sendo um dos grandes nomes da política nacional graças a seu avô, estando inserido no processo denominado anteriormente de 'filhotismo'.


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