sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Introdução

entrevistas- Língua portuguesa e cultura nordestina
           
     Língua, algo com que nos acostumamos e nos parece totalmente normal, mas basta pararmos um pouco para analisar a questão que notamos a loucura por trás da normalidade. Como podem se formar línguas tão diversas, do russo ao mandarim, do irlandês ao híndi do português ao zulu.
Esta formação de línguas dá-se a partir de um imenso processo histórico. Onde línguas e culturas se mesclam para criar línguas novas e diferentes, onde pessoas e idéias se misturam, onde conhecimentos e crenças se juntam. E tudo começou com os grunhidos pré-históricos, e tudo se reinicia com os grunhidos dos bebês que aprendem a se comunicar.
               Acreditamos que a língua e seu processo de formação estão diretamente ligados com a cultura de um povo e de como ele se forma, estando as duas interligadas e expressadas nos indivíduos que com elas se identificam. Assim como acontece na região nordeste do Brasil, onde a cultura e a língua de certa forma se interligam.
               A cultura do nordeste brasileiro é muito rica, podemos comprovar isso a partir da variação linguística que ocorre nessa região. As expressões e os sotaques possuem uma grande variedade, essa variedade tão rica se deve apenas pelos cidadãos nordestinos, que fizeram e fazem a história dessa rica região, são estas pessoas que mantém viva não só a variação linguística nordestina, mas também a cultura em si. 

Origem e evolução da língua portuguesa


A península Ibérica e o latim

A região conhecida como Península Ibérica teve um papel importante no encontro de vários povos, e dessa forma, o povo português resultou de um antigo e demorado processo de miscigenação e de constantes aculturações. A língua falada pelos conquistadores (romanos), o latim, dominou quase toda a região. O latim pode ser dividido em duas modalidades: o latim clássico, gramaticalizado, usado pelas pessoas cultas, era falado e escrito; e o latim vulgar, de vocabulário reduzido, falado por aqueles que encaravam a vida pelo lado prático sem as preocupações de estilística do falar, era apenas falado.

Origem e evolução da língua portuguesa

A língua portuguesa é uma língua românica, ou neolatina, que se originou no que é hoje a Galiza e o norte de Portugal e é derivada do latim vulgar. A formação e a própria evolução da língua portuguesa contam com um elemento decisivo: o domínio romano, sem desprezar por completo a influência das diversas línguas faladas na região antes. Assim é que o latim vai passando por uma fase de transição, modificado pelos falares regionais,dando origem a vários dialetos,que recebem a denominação genérica de romanço.
O surgimento de Portugal como uma nação independente está vinculado às lutas travadas na Península Ibérica pela expulsão dos muçulmanos. Sabe-se que a língua portuguesa (do Brasil) é originária do português (de Portugal) e, como todo idioma, ela também sofreu uma evolução linguística histórica. Como todo sistema funcional e vivo, a língua acompanha a evolução de seu meio. Sendo assim, pode-se dizer que em Portugal a língua começou a mudar de acordo com as transformações sofridas no contexto social daquela época. A região de Portugal era cenário de momentos críticos de guerra e imposição de cultura alheia. As disputas territoriais acabaram por evidenciar um povo falante de uma "língua mista", pois já não era falado nem o latim vulgar e nem o clássico. Houve a mistura de falares decorrentes do substrato.
O substrato era uma imposição de povos que venciam uma batalha de dominação por territórios, Nesse caso, aos derrotados era imposto o latim vulgar como língua oficial. Consequentemente, estes mesmos povos já falavam uma língua que viria dar origem a outra, um pouco diferente do latim vulgar. No cado de Portugal  houve a mistura do latim vulgar com a língua imposta aos povos ibéricos e esta sofreu influências de língua bárbaras e árabes.
No Brasil não houve a imposição de substrato linguístico uma vez que quando os colonizadores aqui chegaram, existiam os nativos indígenas com sua própria linguagem. Mais tarde, o contato com os negros e com moradores de fronteiras também estabeleceu troca de elementos linguísticos, Nessa fusão surgiram os primeiros indícios de variação do português falado no Brasil para o português falado em Portugal.
A forte influência portuguesa em nossa língua está no fato de o nosso idioma possuir fortes traços linguísticos e ser bastante parecido com o idioma falado em Portugal  A diferença, pode-se dizer, recai na norma coletiva o que é comum a toda nação e, por conseguinte, seus dialetos e outras influências de linguagem.
No caso dos dialetos, existe em nosso território vasta influência linguística dos falares provenientes principalmente dos imigrantes, povos estes que tanto contribuíram para a transformação da linguagem falada aqui como também deram a ela características típicas. Com todo o histórico da língua portuguesa, com o avanço das pesquisas e estudos de evoluções linguísticas é coerente destacar que a língua falda e escrita hoje no Brasil sofreu um grande distanciamento do português europeu. O idioma trazido pelos portugueses começou a perder suas características peculiares a partir do momento em que tanto os colonizadores como os nativos tiveram seus primeiros contatos linguísticos e sociais. Os horizontes de comunicação foram se alargando, se distribuindo por estados e tomando formas peculiares de tal forma que é possível se falar, hoje, em uma língua brasileira.

Variações linguísticas nordestinas

Dialeto é a modalidade de uma língua caracterizada por determinadas peculiaridades fonéticas, gramaticais ou regionais. Dialeto regional é a forma como uma língua é realizada numa região específica.
Existe um certo preconceito em relação ao dialeto de diferentes regiões. Não existe errada, fraca ou pobre, apenas diferente e é essa diferença que faz a língua portuguesa rica.

Preconceito Linguístico - Publicitários Newton Paiva



Foi através do nordeste do país que a língua portuguesa se fixou em nosso território. O início da colonização portuguesa se deu justamente entre os estados de Pernambuco e Bahia.
O dialeto nordestino pode ser dividido em dois grandes blocos: dialetos nordestinos setentrionais e os nordestinos meredionais (baianos ou nordestinos do sul).

-O dialeto nordestino setentrional: formado pelos dialetos nordestino do norte e do centro (central), além de abranger uma parte do dialeto nortista, que, na jurisdição da região Nordeste, passa a ser denominado meio-norte ou maranhense.

-O dialeto baiano: pode ser divido em "baiano do oeste" e "baiano do recôncavo". Dessa forma, pode-se definir outra diferenciação, sendo em três grandes dialetos da região, dispensando os termos setentrional e meridional.

Cordel/poesia - "DIALETOS NORDESTINOS":


" 'Chamamu' de dialeto ''
O linguajar popular
O que segue nesses 'versu'
Logo vai nos 'expricar' (Sol)


O jeito de se 'ixpressá'
'Vareia' em cada região
No nordeste arribá
É tirar coisa do chão (Caíque Peixoto)

Nossa língua é porreta
É formal e informal
Perna torta é zambeta
Insistente, cara de pau (Ícaro Davi)

Pró Fabi está “imbuxada”
Tem um bebê na sua pança
O marido camarada
Espera sua criança (Milena Oliveira)

O “mininu” avexado
Que gosta de “tocá” corneta
Com 18 anos é macho
Passa “gostá” de lambreta (Lorraine Suria)

“Homi que fais” casa
Pode se cortar na pedra
A ferida que lhe causa
É chamada de pereba (Diego Santana)

Zé ainda é frangote
“Mais” pensa que é grande
Se “crescê” será “pu” sorte
Se livrará desse vexame (Diana Soares)

Chapa quente queima a pele
Chapa fria é dentadura
Quando “véia” até fede
“Mais” “selve” a quem usa (Victor Hugo)

Moça “bunita” é formosura
Os “zomi” gosta de oiá
E com toda belezura
A moça segue a andar (Douglas Lordelo)

“Eita” Nordeste “Vareiado”
Ninguém lá é bocó
Novidade é babado
Se nada sabe é brocoió (Querem Improta)

Aqui tem gente arrochada
E também gente medrosa
Basta ouvi uma gargalhada
Que se esconde “atrais” da porta (Danilo Lopes)

Aqui tem gente chinfrim
Mas também tem gente rica
Tem quem coma aipim
E quem fique sem “cumida” (Tázio Dieudonné)

Nossa terra quando “móia”
A gente “isquece” a seca
A plantação cresce na roça
E “nois inchemu” a cesta (Giovana Sousa)

Falta d’água é “pobrema”
“Pressa” gente do sertão
O “bãe” de dona Jurema
É de cuia de sabão (Yasmin Alcântara)

“Vamu” terminar essa prosa
De dialeto nordestino
Gente que vive na roça
Tem que “acordá” cedinho" (Vinicius Murta)"


Curiosidades:

·As diferenças características entre a forma de falar dos baianos e dos pernambucanos, por exemplo, é destacado a existência da barreira natural entre os estados, que era o rio São Francisco, impedindo que, antes da construção de pontes sobre o rio, houvesse uma troca cultural mais intensa.

·Pernambuco mandava do lado esquerdo do São Francisco e a Bahia, do direito. Pernambuco, então, levou a língua para todo o nordeste até o rio Parnaíba, que era outra barreira natural. Com o tempo tivemos outras mudanças (que influenciaram o falar local): vieram os holandeses; nós éramos um porto até meados do século XX bastante movimentado.

Quer dizer: os Pernambucanos tiveram uma história diferente da Bahia e do resto do Brasil. Durante os dois primeiros séculos de colonização, a Bahia e Pernambuco foram os dois maiores centros. Tanto que o movimento literário Barroco foi na Bahia e Pernambuco. Depois a exploração das minas de ouro, e deslocou-se o centro dos interesses para Minas Gerais, quando surgiu o Arcadismo. Depois disso, o interesse se desloca para o Rio de Janeiro, porque em 1808 a família real vem para o Brasil trazendo 15 mil cortesãos que se instalaram ali. O Rio de Janeiro passou a ser o modelo da língua em todo o Brasil – e ainda ostenta esse título que foi reconhecido em dois congressos de língua falada. E São Paulo vem depois, com 1922 (a Semana de Arte Moderna). O Nordeste deixou de ser o foco da língua portuguesa.

· O jeito de falar na Paraíba sofre uma grande transformação da forma como se fala em Pernambuco, por exemplo. Não apenas em relação ao sotaque. São expressões completamente diferentes em estados vizinhos para designar a mesma coisa. É uma riqueza lingüística tão grande que nem se parece estar na mesma região.

·Uma peculiaridade gramaticais do português falado no Nordeste são: a omissão do artigo definido antes de nome próprio com a função implícita e instintiva de diferenciar objetos, animais e coisas de pessoas e afins, poupando assim artigos que seriam desnecessários


Colcha de Sotaques ( Bahia)






Exemplos de vocabulário nordestino:

- Canhenga: ser mão de vaca, mão fechada

- ÉÉÉÉÉGUAS: situaçao de espanto

- ligeiro: rápido

- Brocado: com muita fome

- Encabulado: algo "vergonhoso"

- Rangar : comer - Rango: comida

- Cabuloso: Estranho

- Marocar : espiar

- Ralado: chato, sem graça

- "Bora vazar" : vamos Sair (pegar o beco)

- Aziado: festa sem graça (aqui ta muito aziado)

- GAludo: louco

- Só na mãnha: dirigir devagar, lento e calmo.

-Ôxe ou Oxente - expressões de surpresa

-Mainha / Painho - Mãe / Pai

-Voinho / Voinha - Avô / Avó (apesar de eu não chamas meu avós de voinho e voinha)

-Vixe ou Vije - interjeições de espanto

-Avexar - ir rápido, ex: se avexe não!

-Arenga - briga (minha mãe sempre me dizia para eu não arengar com meus irmãos)

-Avacalhar - atrapalhar

-Bexiga (pronunciado bixiga) - coisa, objeto desprezível

-Frouxo - medroso

-Fuleiro - pessoa sem valor, ou que passa sem falar

-Lábia - ato de enganar

-Lapada - pancada

-Massa - coisa boa

-Mangar - zombar

-Mulesta - expressão de raiva

-Pé de cana - cachaceiro

-Munganga - palhaçada

-Zuada - barulho

-Pisa - surra, bater

-Punhado - Porção; mão cheia.

-Pru móde - Porque

-Se abrir - Achar graça

-Se aprochegue - Venhra pra cá; chegue mais perto

-Se aprume - Tome jeito

-Sustância - Vitaminado

-Tamburete de forró - Pequena; de baixa estatura

-Taio ou taco - Pedaço

-Troço – Objeto pessoal; coisa

-Vôte – Interjeição de espanto

-Xodó – Namoro; paquera

-Xilindró – Presídio

Geografia da região nordeste.

                 .  Área: 1.561.177,8 km² (18,26% do território nacional).

População: 53.078.137 (Censo IBGE 2010)

Estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe.

Vegetação: Mata Atlântica (em pequenas áreas da região próxima ao litoral); Cerrado (oeste da Bahia e sul do Maranhão), Caatinga ( no sertão nordestino, interior), Mata dos Cocais (em áreas do Maranhão, Piaui, Rio Grande do Norte e Ceará).


Principais rios: rio São Francisco, rio Parnaíba, rio Jaguaribe, rio Capibaribe, rio Piranhas-Açu e rio Una.

O nordeste é constituído por extenso planalto, antigo e aplainado pela erosão, formando as chapadas sedimentares de Diamantina, Araripe e Ibiapaba, e os planaltos cristalinos das serras de Borborema e Baturité. A diversidade das características físicas, que condicionam sua ocupação e economia, a subdivide em quatro sub-regiões ( zona da mata, agreste, sertão e polígono das secas)
             Turismo: tanto do Brasil quanto do exterior, tornando o turismo uma importante fonte de atividade. As cidades litorâneas possuem uma ótima infra-estrutura turística (aeroportos, hotéis, pousadas, parques, etc). As praias se destacam pelas belezas naturais. Há também o turismo histórico-cultural, com cidades de arquitetura da época colonial (Recife, Olinda, Salvador, entre outras).No entanto, o maior desenvolvimento da Zona da Mata em detrimento das demais regiões do Nordeste, resulta na migração do interior (sobretudo do Sertão) para os grandes centros, em busca de melhores condições de trabalho, o que na maioria das vezes não acontece.

Geoeconomia:





Êxodo rural e reforma agrária

Texto: Livío RosA

Até 1530 d.c da era cristã as terras do nordeste brasileiro e do litoral brasileiro em geral não eram de ninguém, ou seja, eram de todos, não havia posse da terra, varios seres viviam e se usufruíam dela numa coletividade.
Mas em 1530 d.c da Era cristã o rei de Portugal dividiu as terras que segundo ele eram dele, em capitanias hereditariedade as deu aos nobres portugueses.
Estão estas terras passaram a ter proprietários que as utilizaram para plantar cana-de-açúcar e construir engenhos: latifundiários(muita terra na mão de uma pessoa só) monocultura ( cultivação de apenas um produto) tudo para a exportação.
Se passaram quase 500 anos a situação quase não mudou. No nordeste predominam latifundiários monocultores voltado para a exportação e subsidio pelo governo.
Com a revolução verde as plantações se ganharam a tecnologia para produzir mais, o governo financiou os grandes latifundiários monocultores para aumentar os lucros na exportação. Logo os latifundiários compraram mais terras.
O nordeste é uma região muito seca, mas graças aos agrotóxicos e tecnologias dados pelo governo aos grandes proprietários estas se mantém. Já os pequenos agricultores de policulturas não receberam ( e não recebem) nenhuma ajuda, tendo que lutar contra a sexa.
Muitos não conseguem se manter e acabam vendendo suas terras paras os grandes proprietários quando s negam a vender muitas vezes sao assassinados.
Assim muitos nordestinos saem de suas terras, fugindo da miséria em busca de uma vida melhor nas grandes cidades. Esse povo é realmente famoso por esta diáspora que ocorre até hoje. Nas grandes cidades são muitos com a mesma história, ''somos todos Severinos, nascemos e morremos iguais, nessa vida e morte Severina''


Literatura Nordestina


A literatura é a abertura maior da imaginação, pois é através dela que os autores abrem seus corações para um mundo além das possibilidades humanas, mas não fazem uma viagem só, levam consigo todos os ávidos leitores.

Esta troca entre autor e leitor é que faz a magia da leitura, pois os textos são escritos sem destino certo, e acabam fazendo milagres onde quer que cheguem.Mesmo com esta proximidade toda, alguns gêneros literários se distanciam do grande público, talvez pelo conteúdo apresentado ou até pela forma de escrita a ser empregada em seus textos. No entanto, há outros que nascem do povo e se tornam tão populares que acabam por ser vendidos em feiras e praças. É o que ocorre com um grande representante da Literatura Nordestina, a famosa Literatura de Cordel.




No Brasil ela é conhecida como folheto, pois assim tornou-se popular, sendo escrita em pequenos livretos que eram pendurados em cordões, como varais, daí a origem de seu nome: Cordel, porém, por aqui, a tradição dos cordões não fixou raiz. A Literatura de Cordel tem grandes representantes, populares e ainda pouco conhecidos, mas todos muitos conceituados por sua escrita, cujo enredo são situações do cotidiano nordestino, com suas rimas e concepções linguísticas. A maioria dos poemas de cordel vem com ilustrações feitas em xilogravuras, o que aproxima ainda mais a história do leitor, além disso, ainda apresentam uma sistematização na construção dos versos, sendo mais usados os sextetos, octossílabos e decassílabos.





Além de escrever os versos, os poetas ainda recitam suas criações em praça pública e em diversas reuniões populares, tudo feito de forma cadenciada e melodiosa, contando com acompanhamento de violões, para animar e atrair os compradores dos Cordéis. Como esta literatura é extremamente famosa, em 1988 foi criada a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, provando que o gênero é sério e merece todo respeito, assim como os demais.


Os autores nordestinos, em sua grande maioria, cresceram ouvindo o Cordel, e por isso, sofreram grande influência deles, valendo-se de suas rimas, suas estratégias de criação, seu vocabulário e muitos outros.



Os mais famosos deles são Patativa do Assaré, Leandro Gomes de Barros (considerado pioneiro nesse gênero literário), Francisco das Chagas Batista e João Martins de Athayde: Todos representantes da Literatura de Cordel; e ainda outros, que têm o gênero literário diferenciado como Graciliano Ramos, que como ninguém, soube retratar as agruras vividas pelo povo nordestino em seu célebre romance Vidas Secas. Além deles ainda podemos citar Jorge Amado, que mostrou a verdadeira face da Bahia em Capitães de Areia e Mar Morto, e ainda a beleza e a sensualidade da mulher brasileira em todos os seus romances, principalmente em Gabriela. Também representantes femininas descreveram o nordeste e seu povo, como Rachel de Queiroz, que traça um painel da condição feminina e de sua limitada margem de escolha, da dura e implacável realidade diante da opressão sexual e da total falta de esperanças no romance As Três Marias; e autores mais tradicionais como José de Alencar, que ajudou na construção da nacionalidade brasileira durante sua fase de formação, através do indianismo nas obras Iracema, O Guarani e Ubirajara. Há ainda Aluízio Azevedo, Ariano Suassuna, Gonçalves Dias, e ainda muitos outros.




A Literatura Nordestina merece todo apreço, pois nos deixou inúmeros representantes que enriqueceram ainda mais a Literatura Brasileira.
























JORGE AMADO COMPLETA 100 ANOS



Quem foi Jorge Amado? Filho de João Amado de Faria e de D. Eulália Leal, Jorge Amado de Faria nasceu no dia 10 de agosto de 1912, na fazenda Auricídia, em Ferradas, distrito de Itabuna - Bahia. Aos 14 anos, começou a participar da vida literária de Salvador, sendo um dos fundadores da Academia dos Rebeldes, grupo de jovens que (juntamente com os do Arco & Flecha e do Samba) desempenhou importante papel na renovação das letras baianas. Entre 1927 e 1929, foi repórter no "Diário da Bahia", época em que também escreveu na revista literária "A Luva".

Estreou na literatura em 1930, com a publicação (por uma editora carioca) da novela "Lenita", escrita em colaboração com Dias da Costa e Édison Carneiro. Seus primeiros romances foram "O País do Carnaval" (1931), "Cacau" (1933) e "Suor" (1934).

Jorge Amado bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais na Faculdade de Direito no Rio de Janeiro (1935), mas nunca exerceu a profissão de advogado. Em 1939, foi redator-chefe da revista "Dom Casmurro". De 1935 a 1944, escreveu os romances "Jubiabá", "Mar Morto", "Capitães de Areia", "Terras do Sem-Fim" e "São Jorge dos Ilhéus".

Em parte devido ao exílio no regime getulista, Jorge Amado viajou pelo mundo e viveu na Argentina e no Uruguai (1941-2) e, depois, em Paris (1948-50) e em Praga (1951-2).


Em 1945, foi eleito deputado federal pelo Partido Comunista Brasileiro, por São Paulo, tendo participado da Assembléia Constituinte de 1946 e da primeira Câmara Federal posterior ao Estado Novo. Nessa condição, foi responsável por várias leis que beneficiaram a cultura. De 1946 a 1958, escreveu "Seara Vermelha", "Os Subterrâneos da Liberdade" e "Gabriela, Cravo e Canela".

Em abril de 1961, foi eleito para a cadeira número 23 da Academia Brasileira de Letras (sucedendo Otávio Mangabeira). Na década de 1960, lançou as obras "Os Velhos Marinheiros" (que compreende duas novelas, das quais a mais famosa é "A morte e a morte de Quincas Berro d'Água"), "Os Pastores da Noite", "Dona Flor e Seus Dois Maridos" e "Tenda dos milagres". Nos anos 1970, vieram "Teresa Batista Cansada de Guerra", "Tieta do Agreste" e "Farda, Fardão, Camisola de Dormir".

Suas obras foram traduzidas para 48 idiomas. Muitas se viram adaptados para o cinema, o teatro, o rádio, a televisão e até as histórias em quadrinhos, não só no Brasil, mas também em Portugal, França, Argentina, Suécia, Alemanha, Polônia, Tchecoslováquia (atual República Tcheca), Itália e EUA.

Sua esposa, Zélia Gattai, é autora de "Anarquistas, Graças a Deus" (1979), "Um Chapéu Para Viagem" (1982), "Senhora Dona do Baile" (1984), "Jardim de Inverno" (1988), "Pipistrelo das Mil Cores" (1989) e "O Segredo da Rua 18" (1991). O casal teve dois filhos: João Jorge, sociólogo e autor de peças infantis; e Paloma, psicóloga.

Artesanato

                                       

Principais manifestações:
O artesanato é uma parte relevante da  produção cultural do Nordeste, sendo inclusive o ganha-pão de milhares de pessoas por toda a região. Devido à variedade regional de tradições de artesanato, é difícil caracterizá-los todos. Outro destaque são as garrafas com imagens feitas manualmente em areia colorida, um artigo produzido para ser vendido para os turistas. No Maranhão, destaca-se artesanatos feitos da fibra do buriti (palmeira), assim como artesanatos e produtos do babaçu (palmeira nativa do Maranhão).  

  1. Rendas: Originária da Itália, a renda teve sua tradição mantida nos conventos da Irlanda, de onde se difundiu para diversas partes do mundo, sendo desenvolvida com uma técnica única em Divina Pastora. É uma das maiores expressões do artesanato, que exige mão-de-obra bem treinada, cuidadosa e paciente. Caracterizada pelo uso de lacê, um cordão sedoso e elaborada com linha e agulha.
        Em Poço Redondo, o destaque é para as rendas de bilro produzidas por idosas         do município. O instrumento utilizado para a execução deste tipo de renda são os bilros, peças de madeira que não excedem a 15cm, compostas de uma haste com a extremidade em forma de bola.
            

     

   2.  Cerâmica: A cerâmica é produzida também em diversas partes do estado, destacando-se os artesãos dos municípios de Simão Dias, que utilizam uma técnica a mão, caracterizada pela rusticidade e Itabaianinha tem o artesão Nem como a maior expressão, com suas peças utilitárias, inspiradas na cultura indígena. 

      3. Palha: A produção de artesanato de palha é popular no nordeste devido ao material em abundância, já que possui vastos coqueirais. Com mãos hábeis, os artesãos traçam a palha que aos poucos vai tomando formas variadas como cestos, chapéus, abanadores, entre outros.


 4. Entalhando a madeira: A produção de entalhes em madeira é outra manifestação da cultura material brasileira, utilizada pelos índios nas suas construções, armas e utensílios, embarcações e instrumentos musicais, máscaras e bonecos. A arte e o artesanato em madeira produzem objetos diversificados com motivos como a natureza, o universo humano e a fantasia.

As carrancas, ou cabeças-de-proa, muito conhecidas no Rio São Francisco, são figuras reais ou mitológicas, com formas humanas ou de animais, geralmente com expressões de ira, que os navegantes costumam colocar na frente de suas embarcações, para afugentar os maus espíritos. Utensílios como cocho, pilão, gamela e móveis simples e rústicos, também são produzidos artesanalmente. Podemos citar ainda outras produções, tais como: engenhos, moendas, tonéis, e carroças. Mas o maior produto artesanal em madeira - contando com poucas partes de metal - é com certeza o carro de bois.


       5.Artesanato indígena: Cada grupo ou tribo indígena tem seu próprio artesanato. Em geral, a tinta usada pelas tribos é totalmente natural, vinda de árvores ou de frutos. Os adornos e a arte plumária são outro importante trabalho indígena.


A grande maioria de tribos desenvolvem a cerâmica e a cestaria. Os cestos são, em sua maioria, feitos a partir de folhas de palmeiras e usados para guardar alimentos. Já na cerâmica, são produzidos vasos e panelas de barro modelado. Para a música, usada como passatempo ou em rituais sagrados, os índios desenvolveram flautas e chocalhos.


    6.Carrancas: uma escultura com forma humana  ou animal, produzida em madeira e utilizada a princípio na proa das embarcações que navegam pelo rio São Francisco. Espalhou-se no Brasil como uma forma de arte popular, sendo vendida em feiras e lojas de produtos artesanais. Não se sabe ao certo se sua origem é negra ou ameríndia, ou se seriam amuletos ou simplesmente ornamentos. Os artesãos que produzem carrancas são chamados de carranqueiros.




Música

A cultura nordestina ganha destaque em relação a musica, nela encontramos grandes nomes que deram boas influencias para a musica popular brasileira.
Na música popular, destacam-se ritmos tais como coco, xaxado, martelo agalopado, samba de roda, baião, xote, forró, Axé e frevo, dentre outros ritmos.

Música erudita.

Em um dos primeiros gêneros musicas brasileiros, destacaram-se como compositores nordestinos Alberto Nepomuceno e Paurillo Barroso,  que inspiraram compositores como Heitor Villa-lobos. Na atualidade, grandes nomes como o cearense Liduíno Pitombeira e Eleza de carvalho como maestro.
                                               
                                         Liduino Pitombeira - Sonhos - Duo Barrenechea

Violeiros Repentistas

Talvez a figura mais popular do Nordeste brasileiro seja o cantador, o violeiro. Por muitos anos, o repente serviu como o único meio de comunicação entre pequenas cidades do sertão.
Como o nome já diz, cantar repente é cantar de improviso, porém exige regras, que são obedecidas fielmente pelos cantores.
Hoje, no nordeste é comum encontrar esses artistas.  Um dos maiores violeiros repentista é Ivanildo Vilanova de Pernambuco. Ivanildo ganha destaque pela sua sutileza em seus improvisos.

Ivanildo Vila Nova -- Programa Nomes do Nordeste


O frevo

frevo, mais comum nos estados do Pernambuco e Paraíba, se caracteriza pelo ritmo acelerado e pelos passos que lembram a capoeira. Esse gênero já revelou grandes músicos como Alceu ValençaElba Ramalho e Geraldo Azevedo. Estes três, ao lado de Zé Ramalho, misturaram frevo, forró, rock, blues e outros ritmo. O quarteto costuma se apresentar com o nome de O Grande Encontro.

Bandas de pífaro

No Ceará, é chamada de Cabaçal; em Alagoas, Esquenta Mulher; na Paraíba e em Pernambuco, Terno ou Zabumba. Inicialmente, a função dessas orquestras rústicas, pobres de instrumentos, com os pífanos de taboca aparentados dos instrumentos de sopro indígenas, era a de tirar esmola para o Divino Espírito Santo e padroeiras das localidades do interior nordestino.

Maracatu

é uma manifestação cultural da música folclórica pernambucana afro-brasileira. É formada por uma percussão que acompanha um cortejo real. Como a maioria das manifestações populares do Brasil, é uma mistura das culturas indígena ,africana e européia. Surgiu em meados do século XVIII. Foi criado para formar uma crítica as cortes portuguesas.

Baião

Baião é um ritmo de dança popular da região nordeste do Brasil, derivado de um tipo de lundo, denominado ''baiano''.
Na década de 40, o baião ganhou maior impulso com a intervenção do sanfonista e compositor Luiz Gonzaga

Luiz Gonzaga-
Nascido no Recife  em 13 de dezembro de 1912, foi um grande compositor popular brasileiro, conhecido como O rei do baião.
Iniciou o interesse pela musica em sua cidade de origem, com suas composições denominadas ‘’pé de serra’’.
Em Juiz de ForaMG, conheceu Domingos Ambrósio, também soldado e conhecido na região pela sua habilidade como acordeonista, a partir dali escolheu que carreira seguir.
Luiz Gonzaga levou alegria das festas juninas e dos forrós pé-de-serra, bem como a pobreza de sua terra seca, o sertão nordestino, para o resto do país, numa época que o baião, o xote ou o xaxado  eram desconhecidos.
Vítima de osteoporose, morreu 2 de agosto de 1989 com 76 anos.

Dica:
Gonzaga de pai para filho.
O longa retrata a relação entre o sanfoneiro de enorme apelo popular Luiz Gonzaga (1912-1989) e seu filho, o cantor e compositor Gonzaguinha (1945-1991), que nunca foi valorizado como artista pelo pai.

Mangue beat

É um movimento musical que surgiu no Brasil na década de 90 em Recife que mistura ritmos regionais, como o maracatu, com rock, hip hop e música eletrônica.
Esse estilo tem como ícone o músico Chico Science, ex-vocalista, já falecido, da banda Chico Science e Nação Zumbi, idealizador do rótulo mangue e principal divulgador das idéias, ritmos e contestações do Manguebeat. Outro grande responsável pelo crescimento desse movimento foi Fred 04, vocalista da banda Mundo Livre S/A e autor do primeiro manifesto do Mangue de 1992, intitulado "Caranguejos com cérebro".
O objetivo do movimento surgiu de uma metáfora idealizada por Zero Quatro, ao trabalhar em vídeos ecológicos. Como o mangue é o ecossistema biologicamente mais rico do planeta, o Manguebeat precisava formar uma cena musical tão rica e diversificada como os manguezais. Devido a principal bandeira do mangue ser a diversidade, a agitação na música contaminou outras formas de expressão culturais como o cinema, a moda e as artes plásticas. O Manguebeat influenciou muitas bandas de Pernambuco e do Brasil, sendo o principal motor para Recife voltar a ser um centro musical, e permanecer com esse título até o momento.

Dica: Documentário sensacional produzido pela BBC, confira!


                                       Chico Science and "Mangue Bit" - BBC Four Documentary



Musica atual nordestina.

Não podemos esquecer de destacar grandes nomes nordestinos da musica popular brasileira, como Caetano Veloso, Gilberto gil, Elba Ramalho, Alceu Valença, Maria Bhetânia, Zeca Baleiro, Chico Cesar, entre outros!
Atualmente,  de origem nordestina, excelentes  artistas estão sendo descobertos. Vamos destacar alguns deles que estão fazendo sucesso, principalmente entre os jovens do nordeste.

Lirinha – Cordel do Fogo encantado

José Paes de Lira Filho (Lirinha), nascido em  1976 em PE, ex integrante da banda Cordel do Fogo Encantado inspirado nas obras de cantadores e declamadores,  banda chamou a atenção de público e crítica, ultrapassou as fronteiras e ganhou visibilidade em todo país. As apresentações surpreendem a todos pela força da mistura sonora, pela presença marcante da poesia, pela forte presença cênica de seus integrantes e os requintes de um projeto de iluminação e cenário.

                                                 Chover-  Cordel do Fogo Encantado.



Nação Zumbi

Nação Zumbi (antes conhecido como Chico Science & Nação Zumbi até 1997) é uma banda brasileira, nascida no início da década de 1990, em Recife, capital do estado de Pernambuco, a partir da união do Loustal, banda de rock pós-punk, com o bloco de samba-reggae Lamento Negro, e originalmente chamava-se "Chico Science & Nação Zumbi".

                                                   Da lama ao Caos – Nação Zumbi

Mundo livre S/A

Mundo Livre S/A é uma banda brasileira surgida em 1984 em RecifePernambuco.
Nasceu no bairro beira-mar de Candeias, mesmo lugar de Recife em que foi redigido o manifesto Caranguejos com Cérebro, marco do Movimento Mangue, que prega a universalização e a atualização da música pernambucanaFred Zero Quatro, vocalista da banda, foi o autor do manifesto, juntamente com Renato L. e Chico Science. O Mundo Livre foi uma das bandas fundadoras do movimento Manguebeat.

                                                         Maroca- Mundo livre S/A

Ave Sangria

Ave Sangria é um conjunto musical brasileiro de rock rural, um dos principais expoentes da cena musical psicodélica pernambucana dos anos 1970, junto com Zé RamalhoMarconi Notaro e Lailson.

                                               Ave Sangria - Dois Navegantes

Mombojó

O Mombojó é uma banda brasileira originada na cidade de Recife, em Pernambuco. Participou diversas vezes do festival Abril Pro Rock.

                                                                Nem parece- mombojó

Essa é só uma de muitas bandas atuais do nordeste! A música nordestina está sempre se renovando e influenciando artistas de outros lugares do Brasil!
                                                                    
                                                         Ouça música nordestina!


Danças


· Ciranda (PB, PE) – Dança desenvolvida por homens, mulheres e crianças. Os dançarinos formam uma grande roda e dão passos para dentro e para fora do círculo, provocando ainda um deslocamento do mesmo no sentido anti-horário. A música é executada por um grupo denominado “terno”, colocado no centro da roda, tocando instrumentos de percussão – bumbo, tarol, caixa, ganzá – e de sopro – pistons e trombone. As canções, tiradas pelo mestre-cirandeiro e respondidas pelo coro dos demais, têm temáticas que refletem a experiência de vida.
                                                                              dança -COCO   
· Coco (toda a região) – Difundido por todo o Nordeste, o Coco é dança de roda ou de fileiras mistas, de conjunto, de par ou de solo individual. Do norte e nordeste do Brasil, fusão da musicalidade negra e cabocla. Há uma linha melódica cantada em solo pelo “tirador” ou “conquista”, com refrão respondido pelos dançadores. Um vigoroso sapateado denominado “tropel” ou “tropé” produz um ritmo que se ajusta àquele executado nos instrumentos musicais. O Coco apresenta variadas modalidades, conforme o texto poético, a coreografia, o local e o instrumento de música. 
                                                                       

· Dança de S. Gonçalo (Al, BA, MA, PI, SE) – Dança religiosa, organizada em pagamento de promessa devida a São Gonçalo. O promesseiro é quem organiza a função, administrando todo o processo necessário à realização deste ritual. Em Sergipe essa dança é executada somente por homens. A única mulher presente não tem papel ativo. Este grupo é constituído por: “Patrão”, “Mariposa”, “Tocadores”, “Dançadores”. Patrão e dançadores usam trajes especiais. O primeiro veste-se de marinheiro, por influência do mito; os demais usam indumentária que revela influência árabe: anáguas e longas saias floridas, blusa de renda branca cavada, xale colorido em diagonal no peito, turbante envolvido em fitas multicores, colares e pulseiras. A coreografia consta de uma série fixa de evoluções que se repete a cada jornada.
 · Espontão (RN, PB) – O nome deriva da meia-lança usada pelos sargentos de infantaria no século XVIII. É realizada por grupo de homens negros, cada um deles trazendo uma pequena lança com a qual desenvolvem uma coreografia que simula guerra. O chefe, denominado “Capitão da lança”, é o que leva a lança grande. percorrem as ruas ao som de tambores marciais; nas casas que visitam dançam agitando a lança e os espontões, realizando saltos de ataque, recuos de defesa, acenos guerreiros, numa improvisação que revela grande destreza nos movimentos. Não há cânticos mas acompanhamento rítmico produzido nos tambores marciais.
                                                                                             Frevo Pernambucano
· Frevo (PE) - Embora esteja praticamente em todo Nordeste, é em Pernambuco que o Frevo adquire expressão mais significativa. Dança individual que não distingue sexo, faixa etária, nível sócio-econômico, o frevo frequenta ruas e salões no carnaval pernambucano, arrastando multidões num delírio contagiante. As composições musicais são a alma da coreografia variada, complexa, acrobática. Dependendo da estruturação musical, os frevos podem ser canção, de bloco ou de rua. 
· Tambor de Crioula (MA, PI) – Dança das mais recorrentes no Maranhão, é caracterizada pela presença da umbigada, que recebe o nome de “punga”. Desenvolvida com os dançadores em formação circular, a coreografia é executada de forma individual e consta de sapateios e requebros voluptuosos, com todo o corpo, terminando com a “punga”, batida no abdômen de outro participante da roda. Os cantos são repetitivos, à semelhança de estribilho. O ritmo é executado em três tambores feitos de tronco, escavados a fogo. O tambor grande é chamado Socador; o médio, Crivador ou Meão; o pequeno, Pererenga ou Pirerê.

· Torém (CE) – Dança de terreiro com participantes de ambos os sexos que se colocam em formação circular, com o dançador solista ao centro. Tocando o Aguaim – espécie de maracá – o solista executa movimentos de recuo e avanço, requebros, sapateios, saltos, além daqueles imitativos de serpente e lagarto, reveladores de destreza e plasticidade. Os demais participantes marcam o compasso musical com batidas de pés enquanto vão girando a roda no sentido anti-horário. A música, à capela, é cantada pelo solista e repetida pelo coro de dançadores. O “mocororó” – suco de caju fermentado – é distribuído fartamente durante todo o tempo da dança.

· Baião (toda a região) - Nascido de uma forma especial de os violeiros tocarem lundus na zona rural do nordeste (onde recebia o nome de baiano e era dançado em roda), esse ritmo foi transformado em gênero musical a partir de meados da década de 40, como resultado do trabalho de estilização feito por Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, quando sofreu influências de ritmos como o samba e a conga.

· Forró (SE, CE, PB, RN, AL, PE, PI) – Dança praticada praticada em festas juninas e outros eventos. São tocados, tradicionalmente, por trios, compostos de um sanfoneiro, um zabumbeiro e um tocador de triângulo.Conhecido e praticado em todo o Brasil, o forró é especialmente popular nas cidades brasileiras de Campina Grande, Caruaru, Mossoró e  Juazeiro do Norte, onde estas sediam as maiores Festas de São João do país. Já nas capitais Aracaju, Fortaleza, João Pessoa, Natal, Maceió, Recife, e Teresina, é tradicional as festas e apresentações de bandas de forró em eventos privados que atraem especialmente os jovens.

· Xaxado (PE) – O nome é uma onomatopéia, baseada no som que as alpercatas dos sertanejos faziam ao serem arrastadas durante os passos de dança. É uma dança do agreste e sertão pernambucano, bailada somente por homens, que remonta da década de 20. O acompanhamento era puramente vocal, melodia simples, ritmo ligeiro, e letra agressiva e satírica. Tornou-se popular pelos cangaceiros do grupo de Lampião.